45 anos depois: Ter, apenas ter?
Vêm com
cardos nas lapelas
disfarçados
com cores da outra flor.
Oferecem-nos
rosas segurando as pétalas
pois temem
que tal gesto possa parecer amor.
Fecham os
olhos para chamar memórias
de um
cinzento que sempre lhes foi colorido.
Mas nós cá
estamos: cravos vermelhos
sem temer as
mãos feridas
num abril
(mais que) merecido.
Todos os
anos se renova a deliciosa espera:
mesmo com
tempestades
ninguém
vencerá a trova
que projeta
em abril a primavera.
Andam por aí sentados
em conselhos
de administra. São.
São os que
no verbo ter, como sempre, se perfilam.
Será que
ainda lhes dói a conjugação do verbo ser?
Não.
Preenchem o
percurso com músicas antigas,
caminham
pela sombra, porque conseguem ver
nos olhos
dos que não sabem que destilam
ódio e
terror, em palavras aparentemente amigas.
Vão.
Afinal, é
sempre do presente que nos falam
— que esta
tontura não tem futuro —
e a força
das palavras não depende da mão.
Importa
descobrir o que nos calam,
iluminar
tudo aquilo que hoje é escuro e gritar: convosco não!
Não!
Não aos
deuses das primeiras filas — sorrisos de plástico
que agitam
barbatanas e batem palmas!
Não aos
senhores das cadeiras do centro — que sorriem para dentro
e não têm
almas!
Não aos que
ficam no topo dos palanques —a sonhar com aviões
e tanques!
Não às
palavras teatrais, tranquilas — que
atingem como flechas
as últimas
filas!
Não à
vertigem que os rói por dentro — e que debitam cá
para fora!
Não aos que
se sustentam dos outros, quais parasitas — em receitas
que
aparentam saúde e são esquisitas.
Não aos que
se reproduzem na tontura da guerra
onde não há
espírito, nem deus ou salvação!
Não aos que
usam as palavras mais bonitas
para dizer
que vão salvar a terra sendo, de facto, a sua perdição!
Eles querem
lá saber!
Só lhes importa
ter, apenas ter!
Não!
25 de abril
de 2019
No centro do ALVO amigo POETA PIRES, mas,,,eles estão em todo o lugar. Já não há revolucionários declarados. Só aspirantes À nova BURGUESIA. Ontem como hoje, debito-te o velho discurso> GOVERNO 3282 NOMEAÇÕES- MARCELO CONTINUA NA DEMAGOGIA.
ResponderEliminarONDE ESTARÃO AS PESSOAS (?)...SE TUDO É UMA MENTIRA, OU TUDO É VERDADE E EU ESTOU ENGANADO, MERGULHADO NO VAZIO DAS ESCOLAS VAZIAS DE INOVAÇÃO. REPETIÇÃO, LUTAS EM CONQUISTA DE DIREITOS. DEVERES É PALAVRA MALDITA, PROIBIDA.
PORQUE NÃO FECHAMOS TODOS O PAÍS PARA BALANÇO E OBRAS (??!)
E EXPULSAMOS OS VENDILHÕES...
TANTO MAR...
Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente em algum canto de jardim
Sei que há léguas a nós separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente algum cheirinho de alecrim
Hoje iremos ao PALMA, para esquecermos a ausência do futuro.
ResponderEliminar