Se o João Roiz pudesse...
Escultura de José Simão (2017)
(A propósito de uma Carta Aberta a João Roiz, por António Salvado a 11 de outubro de 2018)
Se o João Roiz pudesse…
Se o
João Roiz
pudesse
tomar
um funicular
que de
onde está
o
trouxesse
para
poder observar
o que
em seu honor
quem
lhe é devedor
lhe
fez
para
que não se esquecesse,
diria:
— Não
peçam que olhe
do
chão
o que
pelo corpo
me
tolhe,
e
colhe,
descuidado
o coração.
Sabem
que de louco
muito
tenho,
que
não quer dizer tolo,
e se
olhasse
descuidado
o tal
corpo emparedado
bem
provável é
que
ganhasse
um
tormentoso torcicolo.
Se o
João Roiz
pudesse
reescrever
o que perdido
do que
escreveu
ninguém
sabe.
Dir-nos-ia
que
acontece
não
poder ser repetido
o que
na inspiração
cabe.
Se o
João Roiz
pudesse
dizer
num altivo
som
o que
a saudade
merecesse
ver
retomado
no tom
da
palavra ausência,
diria
sem pena
nem
papel:
—
Olha, António,
não te
cuides
de
cuidar
os que
de mim
não
merecem
meio
alqueire
de
paciência!
Olha,
António,
sobrou-me
tanta cevada
da que
tive
em
pagamento,
que
vou deixar-te
uma
parte,
pelo
teu merecimento
e
cuidado que tiveste
para
comigo.
Como é
coisa que se veja,
vou
deixar-te quase toda
para
que dela faças,
ou
mandes,
deliciosa
cerveja
em
honra deste teu amigo.
(Muito antes, a propósito da própria Cantiga. Desaguarela de outubro de 2015)
O pequeno texto no canto superior direito
(28 de outubro de 2015):
Saudade e partida
Já, de olhar,
me perco.
Por olhar
me vou.
Que, de olhar
tão perto,
sem te olhar
estou.
Todo eu
saudade.
Assim eu:
quebranto
e animosidade
por te amar,
e tanto!
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