A VIDA: IMITAÇÃO QUASE IMPERFEITA DO TEATRO
Quixote (Pasta ZP / Argila 2007)
O teatro e a vida,
sempre a imitar-se,
são, um da outra, o
melhor disfarce.
Do teatro, seja ele
qual for,
feita de risos que
escondem drama,
a vida é imitação
quase imperfeita:
com ele se levanta,
nele se deita,
na terra gretada, no
cetim da cama,
com igual frieza,
semelhante ardor.
Finge-se espelho, e olha-se no estrado
a desejar ver-se,
mas a não querer
saber-se a imitação,
quase imperfeita,
que nasce de si, e
consigo espreita,
na ânsia teatral de
desejar poder
sair-se linear do
seu emaranhado.
Da vida, seja ela
como for,
mais ou menos ameno
na sua trama,
o teatro é a
imitação quase perfeita:
nela se transforma,
nela se ajeita,
a fingir que odeia,
a fingir que ama,
mas a vivê-la dentro
e fora do ator.
O palco fica sempre
no outro lado
da vida que aceita
ver-se a viver
na imitação quase
perfeita.
Ali, num espelho, vê
satisfeita
a velha questão do
ser ou não ser
esse o momento
dramatizado.
A vida e o teatro,
sempre a imitar-se,
são, uma do outro, o
melhor disfarce.
Quixote (Aguarela 2007)
Da vida e do DRAMA a saída é curta -da VIDA e do TEATRO saio pela porta grande...com tudo ainda por fazer. 2 diferenças teatrais e destemidamente antagónicas.
ResponderEliminarAbraço e obrigado, gosto da pureza da apresentação (estética) da tua página-reflecte uma vida que se aceita no outro lado as minhas, cheias de contradições, os opostos para cá da porta do TEATRO.
Ah, o reverso dos moinhos de vento, imperfeita perfeição dramática do ser não sendo.
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