PRESÉPIO PRONTO A HABITAR























 
— E os pinheiros?
— No pinhal.
— Eu tenho um no quintal.
— E as ovelhas?
— No rebanho.
— E eu tenho uma deste tamanho.
— E as vacas?
— Na manada.
— Eu tenho uma, bem guardada.
— E a neve?
— Na Serra da Estrela.
— E eu aqui sem poder vê-la.
— E o menino?
— Ora, o menino sou eu, este aqui,
quase, quase igual a ti,
junto a quem gosta de nós,
pais, manos e avós,
e também aos tios e primos,
e aos bonecos pequeninos,
e ao musgo preservado,
e à neve de algodão,
que espalhamos pelo chão,
e ao pinheiro faz-de-conta,
que, com cuidado, se monta,
e ao casebre engraçado
feito com paus de gelado,
onde não mora ninguém:
nem menino,
nem pai,
nem mãe,
nem reis magos,
nem pastores,
nem anjinhos
a cantar,
pendurados,
sem voar.
— E o presépio?
— O presépio somos nós:
os filhos, os pais e os avós,
e aqueles que gostam de nós,
que juntos o vêm olhar
com a magia do amor
de quem gosta de gostar,
de partilhar, dar calor,
neste presépio incompleto,
mas que é o meu predileto:
presépio pronto a habitar.
Vem, queres entrar?
— Espera, estou a ir.
— E como vens?
— A sorrir.

Comentários

  1. Lá estarei!NO TEU PRESÉPIO PIRES,NUM CANTO HABITADO PELOS AFECTOS E OS BONS-DIZERES.
    ABRAÇO E MUITO OBRIGADO PELOS VOOS SOBRE O "ZARCOS" DA MINHA EXISTÊNCIA, SEMPRE SOFRIDA.

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  2. Aí vou eu, também a sorrir
    Pró que der e vier
    Haja o que houver
    Seja abraço de sentir

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