Ser o amigo preferido... dos gatos

Quando estamos sós,

nada melhor

que ouvir, enrolado,

o ruído do motor

de um gato enamorado

de nós.

Gosto de gatos, não o escondo,

desde muito pequenino.

Grandes, pequenos e assim-assim.

Coloridos, pretos, cinzentos.

Gosto do seu andar redondo,

ágil, esguio, quase alpino.

Será que eles gostam de mim

e destes meus pensamentos?

(E, já agora, dos meus rabiscos inspirados neles?)

Boneco, o gato fadista

O Boneco, um gato albino,

pelo branco, longo e fino,

tinha sempre um ar sofrido

por ser fadista e contido.

Com um ouvido apurado,

o dono da avó Maria

via-a sempre antes da esquina

e a sua boca pequenina

miava com alegria:

«Dá-me mimos», em voz de fado.

 

 








Joy, o empresário

Joy, o gato empresário,

tem um fato tracejado

com o pelo alaranjado

em reflexos de canário.

Ele era o guarda do sono,

da noite e das instalações

onde, um dia, o Manuel

fez dos livros em papel

aventura de emoções

das quais, hoje, o Joy é dono.

 Miki, o gato-cão

O Zeca foi-lhe oferecido.

Parceiro da madrugada

que servia de almofada

a um Miki agradecido.

Por ter grande coração,

o bonacheirão do gato,

farto do viver pacato,

transformou-se em gato-cão.

  

 

Aisha, a senhora gata 

Era uma gata diferente

que envelheceu paciente.

Aisha, a senhora gata,

em vida foi baronesa,

teve honras de princesa

e sapatas de alparcata.

  

Ninja, ninja, ninja

Ninja-Ninja-Ninja,

a gata preta,

vai pelo escuro

em linha reta

como as ninjas

decididas

que a noite

não serena.

  

Woody, o contemplativo

Woody, o contemplativo,

está sempre lá, estando aqui.

Contemplativo, não mia

— declama textos miados

que às vezes parecem fados

com aroma de nostalgia.

Insisto:

Quando estamos sós,

nada melhor

que ouvir, enrolado,

o ruído do motor

de um gato enamorado

de nós.

Textos de "Os Gostos dos Gatos"  (A publicar)
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